Olha a privatização fresquinha! Ande, freguês, é só escolher!

O governo PSD/CDS sofre de febre da privatização, uma doença crónica, progressiva e incapacitante. Incapacitante para o Estado português. Talvez fosse a isto que Passos Coelho se referia quando falava da importância da cura em detrimento do tratamento… Mas para esta doença, não surgiu cura nestes quatro anos de mandato. Pelo contrário, tem vindo a agravar.

Em quatro anos, privatizaram-se todas as empresas de bandeira: EDP, REN, CTT, ANA e agora a TAP. Quase todas elas empresas que, curiosamente, até traziam lucro ao Estado, lucros esses agora nas mãos de privados. E não nos esqueçamos do BPN que, embora não seja empresa de bandeira, estava nacionalizada e foi vendida num negócio que nada rendeu aos cofres do Estado e que deixou as obrigações das dívidas para nós, contribuintes, e as vantagens para os compradores. E ainda se falava em privatizar as Águas.


O mais perverso disto tudo, para mim, é estas empresas pertencerem hoje a donos estrangeiros. As empresas nacionais estratégicas para o país são controladas por chineses, angolanos, franceses, americanos, brasileiros. Neste saco, cabe também a PT que, embora não tenha sido privatizada recentemente, foi vendida aos franceses da Altice. Um país que perde o controlo de sectores estratégicos para a sua soberania, como as comunicações, a rede e fornecimento de eletricidade e os transportes aéreos, torna-se um país completamente vulnerável a um ataque exterior, seja ele em termos bélicos efetivos, seja em termos de constrangimentos ao exercício das suas atividades diárias. Já alguém imaginou, num cenário hipotético (mas não completamente utópico), o quão fácil seria capitularmos perante um corte geral de um bem essencial como a eletricidade, caso a China resolvesse entrar em guerra com a Europa? E isto é apenas um exemplo, de entre muitos que poderia conjeturar.

Que mais-valia trouxe para Portugal tanta privatização? Não me vou alargar repetindo o que já disseram outros muito mais credíveis do que eu nesta matéria. A este propósito, remeto para o artigo publicado por Nicolau Santos no Expresso Diário de 12 de junho.

O que move o governo nesta senda da privatização? Pode dizer-se que é uma questão de ideologia, e será com certeza. Mas fazer os negócios que têm sido feitos, em que o Estado invariavelmente sai a perder e todos os benefícios ficam do lado dos compradores, não faz parte de nenhuma ideologia. Será então inépcia dos membros do governo? Também pode ser, e este executivo tem dado mostras de inexperiência e impreparação em diversas situações. Por outro lado, há a necessidade que Passos parece ter de mostrar trabalho inédito, seja ele benéfico ou nefasto para o país: uma vaidade de quem construiu toda a sua vida pessoal e profissional à sombra de um partido político e quer agora provar que também consegue fazer, e até ir mais além, onde os outros nunca foram, à custa de experimentalismo onde as cobaias são os cidadãos portugueses. Porém, talvez os verdadeiros motivos se venham a conhecer mais tarde, quando se investigarem interesses e benefícios que alguém colheu indevidamente. Será mais um escândalo nacional. Nada a que o povo português não esteja já habituado.


Freguês, Portugal está à venda! E é baratinho. Aceita-se o valor que quiser dar.

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