A democracia vive


Vivemos de facto tempos únicos. Para quem nasceu depois do 25 de Abril e do PREC, este é sem dúvida o período mais apaixonante da política e da sociedade portuguesas.

Caiu o Governo da PàF. Caiu o Governo do PSD/CDS. Caiu o Governo de direita. Sei que não é, nem poderia ser, o fim da austeridade. Mas hoje os portugueses disseram um rotundo não ao neoliberalismo. Rejeitaram a desvalorização das pessoas em detrimento dos números. Recusaram sucumbir à ditadura dos Mercados. Finalmente, há de novo ideologia. Ganhou a democracia. Ganharam as pessoas.

Nunca na minha vida vi um Governo de esquerda no meu país. Uma percentagem significativa dos portugueses, em 4 de Outubro maioritária, sempre viu governar contra os seus ideais. Portugal precisava de uma viragem assim. A Europa precisava de uma viragem assim. A partir de hoje, há mais uma opção na política portuguesa: a da esquerda.

As ruas enchem-se outra vez de gente. Gente que está viva, gente que pensa, gente que conta. Sejam de esquerda ou de direita, é gente que quer saber, que se importa. Gente que luta por si, pelos seus pais e filhos, pelo seu país. Unem-se as vozes n’A Portuguesa. Volta a ecoar nas ruas a “Grândola, Vila Morena”. E o povo grita “Vitória! Vitória!”. Parece que estou a ver um documentário sobre a Revolução de 74.

A democracia palpita. A democracia respira e alimenta-se da paixão dos seus cidadãos. A nossa democracia está viva. Mais uma vez, Portugal faz História e dá ao mundo um novo olhar sobre o mundo.

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